Queria dizer-te que quero mais, quero descobrir-te passo a passo, contrariando a vontade de fazê-lo de um só trago. De ti quero saber o que sentes e porque sentes, o que pensas e como pensas, o que fazes e porque fazes, o que gostas de fazer e porque gostas de fazer, o que te fascina e porque te fascina, o que queres e porque queres, o que sonhas e porque sonhas, o que te faz sofrer e porque te faz sofrer. De ti quero conhecer o passado, linha por linha, ponto por ponto, com especial ênfase nos teus amores, desamores, assim como nas maiores alegrias e desilusões.
De ti quero conhecer o presente como se fosse o meu, claro, límpido e sem cantos de acesso condicionado e de terreno incerto, cujas arestas me roçam as paredes do estômago quando a dúvida se instala até doer, numa moinha amargurante.
De ti quero tudo de uma vez, já, aqui e agora, mas enquanto o digo e penso também penso e digo que quero tudo muito devagar. Porque tenho medo. Medo de descobrir que não és a pessoa que imaginei, medo de concluir que gosto mais de ti pela fachada que apresentas do que pelo que és na realidade, medo de que te aconteça o mesmo em relação a mim, e, nesse caso, o medo de que não o aconteça a mim também.
É por isso que quero tudo de repente, já, aqui e agora, quero tirar as dúvidas, quero decidir, quero saber o desfecho de uma coisa que ainda nem sequer começou. E é por isso também que não quero apressar nada, porque quero muito saber tudo e só o poderei saber se deixar as coisas ao seu próprio ritmo, porque as coisas naturais é que são verdadeiras, e as relações forçadas são sempre falaciosas, condenadas desde o início.
E é por isso que aqui estou, ansiosa por ouvir o telemóvel tocar e o teu nome a aparecer no ecrã, e o meu coração a disparar, desenfreado, por acção desse gatilho infalível.
É por isso que espero, resignada a continuar a esperar, e desespero, porque quero ouvi-lo tocar já, aqui e agora. Com o teu nome a aparecer e a encher-me o coração de esperança, de sonhos, de desejo e de confiança.
Vega, aka C.V.O.
(Em tempos... antigos ou recentes, não é o que interessa. O passado vai e vem, e assim como vem, vai outra vez...)