Tuesday, December 27, 2005

Doze desejos, doze esperanças


O fim do ano aproxima-se e, com ele, novas esperanças vão ganhando forma. Um pouco tímidas no início, com medo de se mostrar, à espera que alguma que não a própria tivesse a coragem de avançar primeiro, assim que uma delas soltou as amarras já as outras se intrometiam a quererem roubar-lhe o lugar. Foi então que o desaire rebentou. Entrechocando-se umas às outras, ripostando entre si, acreditando todas elas serem prioritárias perante as demais, as esperanças lutavam de espada em punho para almejar um lugar dos primeiros. Só o cansaço pôs fim à sangrenta disputa. Então, nos lugares onde estavam, foi nos lugares onde ficaram, sem mais sentença. Obviamente que as mais fortes conseguiram uma posição mais acima, notando-se um decrescendo da primeira até à última. Estas mesmas esperanças, por essa ordem, transformá-las-ia eu em desejos ao engolir as doze passas, se acreditasse que eram as passas engolidas à meia-noite que tornariam os desejos realidade. Seria preciso também gostar de passas, pois como criança que sou ;), ainda me sabem deveras mal (dizem que com a idade se vai aprendendo a gostar delas...). Sem mais delongas, eis a lista dos desejos que pediria e que me atrevo a guardar como esperanças:

Saúde (claro... sem ela, os outros de nada valem).
Não digo. Aaaah, queriam! ;)
Também não digo. Desculpem, mas não posso...
Que o exame de acesso à especialidade não me corra pessimamente mal - é o máximo que posso desejar, tendo em conta as minhas desavenças com o Harrison.
Que o terrorismo se esfume para sempre.
Que acabem as guerras no mundo.
Que não haja crianças a morrer à fome.
Que se descubra a vacina contra a SIDA e, já agora, também a cura.
Que os ETs nos façam uma visita caridosa e que possamos aprender alguma coisa com eles.
10º Que os Bon Jovi incluam Portugal na tournée de 2006.
11º Que se evaporem o cinismo e a sua grande aliada, a hipocrisia.
12º Que nos livremos de preconceitos, que são como palas nos olhos - só permitem ver numa direcção!

Ah, quem me dera uma varinha de condão!...

Vega, aka C.V.O.

Sunday, November 20, 2005

Os Natais de antigamente


Imagem de Serena,
encontrada aqui

Tenho saudades dos Natais de antigamente. Da ansiedade com que esperava, ano após ano, a chegada de um velhinho barbudo que entraria pela chaminé e cobriria o chão de presentes. A angústia que me assaltava, ano após ano, quando, ao regressar da rua, aonde fora por escassos minutos com a minha mãe despejar o lixo, me abriam a porta anunciando que o Pai Natal acabara de sair. Mais uma vez o deixara escapar... Eu que tinha prometido a mim mesma, aquele Natal, não afastar os olhinhos do buraco da fechadura, de onde teria que ver o velhote a descer pela chaminé e a descarregar os presentes da sacola. Se o truque resultava com a minha prima, porque é que comigo falhava sempre?! Ela era seis anos mais velha que eu, por isso, deveria ter visto o Pai Natal por tantas vezes quantas os meus anos e mais seis ainda em cima... Tantas, que eu nem podia imaginar! Eu, nem uma... Parecia que tinha de haver qualquer coisa que me fazia não estar presente no exacto momento em que ele aparecia! Mas nunca se esquecia de mim, e só isso, o alívio que sentia ao saber que, mais uma vez, ele deixara brinquedos na minha árvore, bastava para dissolver a angústia de não o ter visto.

Lembro-me da euforia que era abrir os presentes com o meu primo, jorravam papéis e laços para o ar, rodopiavam papéis e laços pelo chão, ora pulos, ora gritos, ora corridas pela casa, que palpitava de alegria e rejubilava com tamanha azáfama.

O encanto que o pisca pisca da árvore de Natal exercia sobre mim, atraindo como um íman os meus olhinhos curiosos. O quanto eu gostava de ali ficar, esquecida das minhas obrigações que não existiam, com as pupilas cravadas no piscar das luzes que por elas entrava como pérolas mágicas.

O cheirinho dos sonhos que a minha avó fazia, com o sabor que apenas têm as coisas impregnadas do carinho de quem as fez. Os sonhos que me consolavam quando, na manhã seguinte, pensava que teria de esperar um ano para ter outra noite de Natal.

As festas que havia na escola, o rebuliço dos ensaios, da construção dos cenários, de ter tudo preparado para o grande dia. E, finalmente, o nervosismo de subir ao palco, e o orgulho de declamar um poema que conseguira decorar.

Lembro e relembro, nesta altura do ano, os Natais de antigamente. E, por momentos, desejo voltar a ser criança. Para que o tempo me devolva os familiares que já não tenho, o sabor dos sonhos que nunca mais provei, o fascínio das luzes a piscar, a esperança de ver o Pai Natal desta vez, as festas na escola que já fechou. Mas o tempo não me concede o desejo, e eu agradeço-lhe, porque só assim os Natais de outrora são recordados com a doçura das coisas perdidas para sempre.

Vega, aka C.V.O.

Eu, a recitar um poema numa festa de Natal da escola (Dez.86 - 5 aninhos)


Sunday, November 06, 2005

O meu miauzinho fez uma boa!


Nem imaginam o que o meu gato fez ontem! Agora, que já está mais crescidinho, menos tonto e mais apreciador de um bom sofá e de uma boa soneca, resolvi confiar no meu fofinho e deixá-lo à vontade na cozinha, por sua conta e risco, enquanto me ausentei para ir ao cinema.

E permitam-me só fazer um aparte: fui ver O Fiel Jardineiro (The Constant Gardener), um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos e que recomendo vivamente (ai, Ralph Fiennes... mais uma vez não me desiludiste! ;)). Retrata uma realidade gritante dos dias de hoje, infelizmente ainda obscura - umas vezes ofuscada pelos nossos problemas pessoais, que obviamente nos tocam mais de perto do que aquilo que se passa no meio da África, outras relegada por quem tem poder para o limbo do esquecimento, propositadamente ou não. É um filme comovente, pela maneira obstinada como Justin (R. Fiennes) corre atrás das memórias da falecida mulher para desvendar os seus segredos.

" Se Justin leva até ao sacrifício limite a investigação, não é por sede de justiça nem de vingança (...) e sim para poder «reencontrar» a mulher que amava. É uma música que nos toca em surdina, e é ela que nos comove." in Expresso

E com isto tudo já me perdia... Estava eu a dizer que saí de casa e, na minha ingenuidade, deixei o gato lá dentro (estava tão sossegadinho o meu miauzinho, que tive pena de o pôr na rua!). Ora, quando cheguei, toda contente como não poderia deixar de ser depois de ter visto o Ralph Fiennes, vejam a bela surpresa que tive:


Aaahh... o que eu fiz! :(
Entornei a terra do vaso!

Será que me vão pôr de castigo?!




Isto foi mesmo grave!
Mas não foi por mal!...





Ufh! Afinal não fiquei de castigo! Desta já me safei!:)

Ele devia estar com medo, "tadinho" - adivinhem onde o encontrei ao entrar em casa... No parapeito da janela da cozinha, bem ao cantinho, atrás do cortinado! Não, não é caso para dizer "gato escondido com rabo de fora", pois não fosse o chocalhar do guizo que vêem na foto (ohh, estava tão quietinho, mas é só mexer um quase nada o pescoço, que é logo apanhado!), bem o podia procurar!

Vega, aka C.V.O.

Sunday, October 30, 2005

Infinito
















Desconheço o autor da imagem
(porque é que não tomei nota do site?! Arghh!)


O lugar onde nascem os pensamentos...

Vaguei a cadeira para ir lanchar. Por isso, se quiserem, aproveitem enquanto eu não estou para se sentarem. E depois, huummm... deixem o pensamento voar!

Vega, aka C.V.O.

Tuesday, October 25, 2005

Uma tarde no CCB


A convite da Editorial Verbo, fui assistir à apresentação do volume Annualia 2005-2006, no Centro Cultural de Belém, com a Ana Serpa e a Lili... :)
"Dirigida" pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que nos presenteou com um discurso que nunca mais acabava, a sessão contou com a presença do Senhor Presidente da República e de algumas figuras de relevo científico-cultural que foram homenageadas pelo seu trabalho: a professora e coreógrafa Margarida de Abreu, o engenheiro António Segadães Tavares, as cientistas Maria Arménia Carrondo e Maria Manuel Mota, e o neto do cineasta Manoel de Oliveira, já que o próprio não pôde comparecer.
Finda a sessão, como não podia faltar, lá estava, à nossa espera, o banquete que fez as delícias da comitiva do croquete! :)
E assim se passou um fim de tarde... Pena não terem oferecido um livrinho, estavam lá tantos... Pode ser que o Pai Natal se lembre! Lol

Vega, aka C.V.O.

Wednesday, October 12, 2005

Amor ou comodismo?


Não podia ficar indiferente às maravilhosas palavras de Miguel Esteves Cardoso, num dos textos mais bonitos que já li e que passo a citar:

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser por isso, incompreensível. A culpa é minha.
O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que eu quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. Estava apaixonado, foi parar a Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se.
Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim? Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornam-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica da camaradagem. A paixão que devia ser desmedida é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas e cantina, malta do "tá em, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da turtuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Por onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para se perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado do que quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa e o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
in Expresso

Quem ama, quem já amou... sabe aquilo a que se refere MEC. Está tudo lá. Tudo o que eu queria dizer e não saberia como. Obrigada, MEC!

Vega, aka C.V.O.

Sunday, October 02, 2005

Tenho um gato tão fofinho!...


Tenho um gatinho novo, pequenino ainda. Posso dizer que nunca fui grande adepta de animais de estimação, mas estou apaixonada pelo meu gatinho.
Enfia-se dentro do cesto e rebola, rebola.
Salta para cima das nozes e diverte-se a espalhá-las por toda a cozinha.
Instala-se no meio dos fios da televisão e do telefone e puxa, puxa... até fazer o telefone cair.
Brinca com tudo o que apanha no chão e que na sua perspectiva de gato se possa comparar a uma bola... Melhor ainda: se, de súbito, o objecto com que brinca é cruelmente retirado do seu campo de visão, ele parte logo para outra e procura brincadeira diferente, ou brincadeira semelhante mas com outro objecto, parecendo esquecer por completo a existência do primeiro.
Questão: será que os gatinhos, quando crescem, adquirem a noção da "permanência do objecto"? Tenho ideia que em circunstâncias idênticas às que descrevi, os cães correm atrás do objecto com que estavam anteriormente a brincar...
Enfim, não percebo muito de animais, como já devem ter reparado. No entanto, aprendi que os gatos são mais independentes do que os cães: visivelmente adoram brincar connosco, humanos, porém sozinhos também se entretêm e qualquer coisa lhes serve de diversão. Quer dizer, o meu gato, pelo menos, é assim. Não devia generalizar, porque o meu gato não é qualquer um, é o MEU querido gatinho, o mais fofo que já vi... Se alguém perceber mais de gatos e cães do que eu e achar que estou errada, agradeço esclarecimentos!

Vega, aka C.V.O.


Cucu...







Tanta noz para eu brincar... Yiupieee!!





"Ganda" rave!

Olá!


Pois é, agora também tenho um blog! Ainda sou amadora nisto, mas, desocupada que sou (lol), penso que tempo não me faltará para explorar as potencialidades do blogger... Sim, eu que nem tenho nada para estudar nem nada ;) ...

Vega, aka C.V.O.