Momentos

Momentos de inércia

Momentos de paz

Momentos de fazer e inventar sem hora

São momentos de um tempo que é mais fugaz

Quanto maior a espera e a demora.

A demora dos dias que hão-de chegar

A espera de algo que ficou no ar

Mas não há promessas, e se as houvesse

Tão voláteis seriam como o tempo

Que tudo sopra e desvanece.

E o que fica, são só momentos

Não os de inércia, mas os outros

Doridos, amados, sofridos, estouvados

Que, contrariando o tempo fugaz

São perenes e inalterados,

Mesmo quando se vão embora.

São esses raros momentos de vida

Que fazem valer a espera e a demora.

Vega, aka C.V.O.

Mágoas de verão

Desanimo porque sim
De uma forma quase sazonal
Poderá a causa estar em mim
E esta tristeza ser bem real
Ou antes o vazio que sinto
E que já tem tradição estival
Será eco de verões passados
Vergados de amores pendentes
Vivendo de ânsias descrentes
Com que foram atormentados?
Amores que traziam já a sentença
- E que eu apenas queria suspensa -
De finais anunciados.

Fica a esperança de quebrar a cadência
Deste ritmo sazonal
Antecipando com veemência
O meu despertar outonal.

Vega, aka C.V.O.

Nostalgia que dói

Como farpas. Mas o sangue que sai não é de dor, nem a saudade a que faz apelo é desejo de voltar atrás. E, no entanto, escorrem-me lágrimas que não consigo parar, como se uma nascente cá dentro as soltasse em cascata desafogada. Só estas gotas de água conseguem materializar o  que sinto e não sou capaz de dizer, esta dor que não é dor e saudade que não é saudade, mas que aperta e dói até às entranhas, como se fosse dor e saudade.

Um dia, o encanto destas memórias terá outro nome. Já não será nostalgia, antes a alegria de recordar e a vontade de regressar aonde o passado marcou e deixou um rastro de luz.

Vega, aka C.V.O.

Primavera da chuva

Quando a chuva regressa, e os chapéus-de-chuva colorem, como aguarelas, a atmosfera baça e cinzenta, a minha primavera começa, e pinceladas de vida anunciam o fim da seca...

Vega, aka C.V.O.

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