Tuesday, September 28, 2010

Chuva de desejos

Não eram fogos, não eram estrelas, não eram luzes nem pirilampos. A serem gotas de chuva ou flocos de neve, não poderiam ter tanto brilho, incendiar o céu ao cruzá-lo na sua queda livre e desordenada.

Quando alguém lhes tocava, eclodiam, e brilhavam ainda mais, como se rebentassem nas nossas mãos. E desapareciam sem deixar rasto, enquanto outros continuavam a cair. E a maravilhar. De repente, todo o mundo saiu à rua, com o único fim de fazer eclodir pelo menos um daqueles pedacinhos incandescentes, e a desordem generalizou-se, tornando-se tão grande ou maior na rua do que no céu.

Os ânimos só acalmaram quando o céu, finalmente, se apagou, já todos os pedacinhos eclodidos nas mãos de alguém. Mas quando, à noite, os telejornais falaram de uma estrela cadente que se desintegrou e espalhou por terra, um turbilhão de ânimos voltou. Desejos foram pedidos em catadupa, na ânsia de que, se fossem pedidos mais depressa, ainda chegariam a tempo de serem atendidos pela estrela desintegrada.

Se resultou? Não sabemos, pois ainda é cedo, e os desejos querem-se demorados, para saber melhor a sua realização. Mas a esperança, essa, cresceu e iluminou-se, como os pedacinhos do céu, e brilha agora com uma luz própria que está determinada em não mais se apagar.

Vega, aka C.V.O.