Tuesday, January 25, 2011

Palavras em espera por tempo indeterminado

Não tenho mais palavras. Não tenho mais palavras porque tu mas levaste, num ápice, e porque eu própria te ajudei a despir-me delas, com receio de que alguma ficasse para me denunciar. Uma vez todas cá fora, recolhi-as uma a uma, em pezinhos de lã, enquanto tu ainda dormias, e pela hora da madrugada, quando todos ainda dormiam e não havia estores abertos, acordei mais cedo e fui espalhá-las por toda a cidade. Escondidas, é claro, pois era esse o propósito de tanto secretismo. Agora, as palavras que eram minhas contemplam a vida que passa do sítio onde as deixei, guardando a promessa de que, um dia, voltarei para as ir buscar. E agora aí estão, caladas, na expectativa, umas vezes serenas outras vezes inquietas, no entanto felizes com a mudança, e excitadas pela incerteza do dia em que vou aparecer para as ir buscar…

Vega, aka C.V.O.