Tuesday, December 05, 2006

Viajar


Viajar é o segredo de todas as descobertas.
Viajar por terra, por mar, pelo ar, para longe ou perto, o que importa é viajar.
Viajar em sonhos.
Viajar acordada, sonhando.
Viajar na leitura, por sítios reais ou imaginários, conhecendo personagens reais ou imaginárias.
Viajar através de novas amizades, descobrindo outras formas de ser e de estar.
Viajar sempre, viajar muito, de coração aberto. Dar a volta ao mundo e começar de novo, porque em cada volta haverá sempre algo mais para descobrir.

Vega, aka C.V.O.

Friday, November 24, 2006

Aragem








Imagem copiada daqui



Despida de ideias, assim de repente. Tal como as árvores se despem no outono.

Esbracejo, mas é quase um aceno o que sai dos meus gestos. Assim tento eu empolgar a voragem para trazer de volta as ideias perdidas.

Mas nada.

Absolutamente nada.

Numa quietude inquebrável, o ar em redor estagnou. Cansado de varrer ideias e folhas caídas, que ele próprio arrancou em ferozes investidas. Espera, agora, por novo fôlego, para voltar a ser aragem e, quem sabe, soprar-me ao ouvido ideias esquecidas.

Vega, aka C.V.O.

Sunday, October 29, 2006

Pessoas e épocas


Gostava de recortar, e guardar no bolso, pedaços intactos do meu passado. Com a data escrita no verso dos mesmos. E a assinatura de quem os partilhou comigo. Plastificados, para estarem ao abrigo das chuvas, do roçar das calças e do próprio esboroar do tempo. Do tempo que, na avidez que a rotina alimenta, consome os dias, os meses, os anos, sem consideração para com as histórias que com eles vai consumindo também.

Gostava de ter sempre à mão quando fiz isto ou aquilo, assim como o desenho das paisagens que visitei, com as cores e os reflexos originais. As palavras ditas por quem já não tenho, ou por quem não as sabe reagrupar, gostava de as guardar todas juntinhas e inseparáveis. Para as tirar do bolso sem as desmanchar, e recordá-las tal e qual como nasceram dos lábios de alguém. Se possível, guardava e plastificava também o timbre da voz de quem as disse, e a entoação com que as proferiu, perpetuando assim a magia delas emanada quando evocadas.

Não podendo recortar o passado como folhas de jornal, ando de bolsos vazios e recordo histórias sem data precisa, cujo cenário vai perdendo a tinta, e vozes que se vão dispersando em conversas que deixam de o ser, sobrevivendo algumas frases e palavras originais.

E que importa afinal não reter o passado em papel químico, se trago comigo as histórias que quis guardar, separadas por épocas, à falta de datas precisas, pinceladas pelas cores que mais me agradaram (as restantes a ficarem um pouco desbotadas…), pontuadas por palavras soltas que reacendem cada contexto?!

No fundo, tudo se resume a épocas… e a pessoas que nos marcam para sempre.

Vega, aka C.V.O.

Sunday, September 17, 2006

O meu pequenino fez um aninho

O guloso. O dorminhoco. O matreiro. O mimado.
Está a ficar crescido...
E cada vez mais guloso, dorminhoco, matreiro, mimado.
E cada vez mais fiel, dócil, amigo do dono.
Qual cão, qual quê!
É um gato, pois é. É o meu gatinho.

Desafiando o lugar-comum de que os gatos são traiçoeiros, o meu é amigo incondicional.

Na soleira da porta à espera do dono, com a diligência paciente de quem sabe que vai ter o que quer, assim que chegar a hora. Biscoito (ah, pois!... não gostas mas tem de ser), um doce e um miminho.

O doce, meu gato, sabe-te sempre a pouco... Um pedaço de fiambre, uma rodela de chouriço, são os teus doces favoritos. Como ficas feliz com um docinho desses, antes de chorares por mais! Como se à tua frente um rasgo de felicidade te devorasse por instantes, nada mais havendo no mundo que o teu fiambre ou chouriço, e logo arrepiasse caminho para lá do teu horizonte, deixando-te assim de mãos a abanar. Amanhã há mais, meu gatinho, agora só se for biscoito. Não adianta de nada esse choro infantil, que eu sei, e tu sabes, que um miminho basta para te consolares da brevidade das coisas excepcionais. Que bom feitio tens tu, meu gatinho, que te contentas com uma festinha, dada em lugar de mais petisco. Como te abandonas depressa ao ronrom, anunciando o oó a aproximar-se em pezinhos de lã.

Para ti gato que sabes aonde pertences, que com tão pouco te contentas depois de te regozijares com tanto, que adormeces no afago da mão do dono, os meus muitos parabéns pelo teu 1º aniversário.

Vega, aka C.V.O.
























O meu pequenino (o maior)
e o seu priminho









A apagar a velinha...

Parasitas


Malditos sejam os
trojans e aqueles que os engendram. Malditos os construtores de vírus, spyware e adware.
Vão todos para o inferno, seus malditos vermes, que se alimentam dos computadores de inocentes! Que me parasitaram o PC, privando-me da net durante tanto tempo!
Quero desejar-vos uma bela estadia num inferno bem quentinho, onde possam saborear a inalação do CO e a agonia de se desfazerem em cinzas.

Vega, aka C.V.O.

Monday, July 03, 2006

Memória

E tudo o que fica para trás, são meras histórias, boas ou más. A memória, que as seleccionou, completa o resto do trabalho. Revisitando cada conto, não acrescenta um ponto, mas, de paleta e pincel, os tons cruentos apaga ou atenua, os tons alegres afaga e acentua. Assim, em cada confronto, os matizes de cada conto têm nova gradação. Como onda de luz que se afasta, também a memória arrasta, desviando, o espectro de cores passadas. Dessas histórias, agora boas, que eram boas ou más e que ficaram para trás.


Vega, aka C.V.O.

Monday, May 15, 2006

Silêncio


A ocupação mental silenceia as vozes da alma.
O burburinho abate e a noite adormece, indiferente ao ladrar dos cães e ao ruído dos carros a passar. (A ladainha dos cães parecendo canção de embalar, compassada pelo restolhar dos carros que a entoa.)
Acometidas assim ao silêncio, as palavras, que então se apercebem de não se conseguir juntar, hibernam no abrigo da escuridão.

Vega, aka C.V.O.

Monday, April 10, 2006

O grito

Estudar (o Harrison, pois claro...) distancia-me da beleza das coisas. Relega-me para um espaço estanque, envolto em brumas, que se estreita insidiosamente. Através das brumas que o delimitam, a percepção que tenho do mundo é um tanto ou quanto distorcida. Os objectos surgem-me destituídos da música que lhes pertence, impermeáveis que são as paredes à ressonância própria daqueles.

Nestas alturas um grito bem fundo, daqueles que é preciso ir buscar às entranhas, tem a capacidade de me libertar ao abrir uma brecha na dita redoma de brumas:

AAAAAAAAAHHHH!!!!

Pela brecha saio como um relâmpago e, maravilhada, danço ao ritmo da música que toca lá fora.


Vega, aka C.V.O.

Saturday, April 01, 2006

Reconstruir

Cai o pano de fundo
E as tintas
Lascadas que o tinham feito
Não mais seguram o mundo

Que agora ficou sem jeito.
Sobraram algumas pintas
Incólumes, para ficar.

Quando verterem novas tintas
O caminho vão desviar
P´ra não tropeçarem naquelas
Que um dia foram parcelas
Duma tela que me fez sonhar.

Lascaram as tintas que um dia
Sem querer me fizeram chorar
Restam pintas que foram parcelas
Duma tela que me fez sonhar.
Nem com as melhores aguarelas
Eu as vou querer perturbar.


Vega, aka C.V.O.

Sunday, March 26, 2006

Comboios


Pelos comboios de letras do livro mais entediante que conheço (desculpa Harrison, curvo-me perante a tua sabedoria, mas não és de todo simpático), arrasto-me nesta tarde de domingo. Respiro fundo, bem fundo. Suspiro. Reentro na carruagem de onde saíra tempos atrás. Despida da vontade que dantes me impelia para as coisas. Avanço, recuo, páro, retomo ou recomeço. Por mais nauseada que esteja de tanto andar, recuar, parar, retomar, recomeçar, andar.

Anseio por chegar à estação de destino com algo que ainda reste de mim. Da minha periclitante sanidade mental. Mas ai!, o caminho é incerto e cheio de curvas, e o medo de descarrilar assombra-me na antecipação dos troços mais irregulares. O medo de ver a réstia de sanidade mental que detenho esfumar-se no impacto do acidente.

Na carruagem de onde saí, vou ver se sobrou um lugar para mim. Vou pedir ao maquinista para carregar no acelerador. Vou explicar-lhe que os dias à nossa frente se consomem sem solidariedade para com os quilómetros de letras a percorrer.

Vega, aka C.V.O.

Sunday, March 12, 2006

O relativismo de uma simples frase

Deveria haver um dicionário universal de sentimentos, para que as pessoas não fizessem tanta confusão nessa matéria. Considerando embora a hipótese de estar a ser preconceituosa, percorre-me um prurido interior sempre que ouço a palavra “Amo-te” soltar-se entre duas pessoas que se conhecem há semanas, ou meses (insultuosamente leve demais, se comparada à minha noção desse outro “Amo-te” que precisa de anos para nos invadir e arder nos lábios). Se neste assunto sou um tanto ou quanto preconceituosa (e é algo que também me incomoda), desculpo-me com o facto de não se ter implementado ainda uma escala de sentimentos bem definidos degrau a degrau. Assim sendo, se queremos verbalizar (oral ou mentalmente) o estado de alma em que alguém nos deixou, baseamo-nos numa escala individual e arbitrária, influenciada pela nossa experiência pessoal. Amores e desamores passados são os tijolos com que construímos esse edifício a que chamamos amor e que tomamos como referência para julgar o que nos vai na alma. Deste modo se geram mal-entendidos e se esgotam facilmente os termos para nomear o que sentimos mais acima, quando sem aviso prévio a escala nos surpreende com um degrau adicional. Para evitar uma coisa e outra, proponho uma definição do conceito em causa (poética como o é o conceito que se propõe definir), d` Estes difíceis amores de Júlio Machado Vaz:

“Eis-nos aqui. Domingo de sol, passeio junto ao mar, esses olhos azuis que o desejo nublava fitam-me transparentes, agressivos de tão risonhos, «como estás?». Como estou? E tu que achas, vendo-te assim acompanhada? Ele tem bom aspecto, sorriso franco, nada indica o ciúme de paixão mal resolvida da tua parte; sente-se seguro. Esqueceste-me. Pior!, já és minha amiga. Pronto, querida, vou ser politicamente correcto, «bem». O tempo, o amigo comum que encontraste e me acha cansado, a etiqueta, «este é o...». Que interessa o nome?, é o teu homem, «muito prazer». Ele sorri, sabe que não sinto a frase, mas compreende, afinal sou o tipo que perdeu a mulher que ele não dispensa, «muito prazer». Um silêncio constrangido entre os dois que resolves com à-vontade, «foi bom ver-te». Era necessário humilhar-me tanto? Uma vontade imensa de te abanar - «sou eu, lembras-te?, tinhas a certeza que era o amor da tua vida...» -, acorda!, ainda podemos... Os dois afastando-se, o braço dele sobre os teus ombros, o segredo ao ouvido e esse cabelo, onde me perdia, volteando ao ritmo da gargalhada. Serias incapaz da chacota a meu respeito, é outra a razão, simples e infernal – estás feliz. E uma parte de mim, ainda tímida, quase clandestina, deixa cair os braços e reconhece derrota e culpa, fica grata pelo que me deste e murmura um «boa sorte» que todo o resto do que sou fita horrorizado.
Será isto, finalmente, o amor?»

Vega, aka C.V.O.

Tuesday, February 28, 2006

O refúgio


Num cantinho recatado de mim, assim meio obscurecido pela ramagem das árvores que se debruçam, existe um portão de madeira. Camuflado um pouco mais pelo verde das trepadeiras que se insinuam. Donde dois fios que se soltam
enlaçam uma maçaneta de ferro. Por baixo da maçaneta, uma fechadura de ferro também. Oxidada pelas águas de Abril (e de Abril só porque neste recanto não existem Invernos nem existem Outonos, as estações alternam entre Primavera e Verão). Impaciente, tiro a chave do bolso e dou três voltas na fechadura. Range um pouco a chave, mas desliza na perfeição. Sem poder esperar um instante, com a ansiedade que se me extravasa, abro as portadas de rompante.

Suspiro. À minha frente um lençol estampado de flores espraia-se até perder de vista. Estendo-me e rebolo nele, e fico polvilhada de gotas de orvalho. Corro sem rumo por entre as flores, que não se machucam à minha passagem. Aqui e acolá cogumelos, um caracol que dorme numa parra, uma joaninha que vagueia sem rumo também.

Avisto ao longe um castelo, recortado sobre nuvens brancas. Nuvens? Se me aproximar vejo que não são. São quadriláteros de papel salpicados de tinta vermelha. Têm pés para se deslocar e uma cabeça vermelha. São os soldados da Rainha de Copas. Não, não é o País da Alice. Mas é, de alguma forma, o País das Maravilhas.

Neste jardim todas as estórias se mesclam numa amálgama indecifrável. Como se retiradas de um livro gigante, página a página, lançadas depois ao vento para cairem à toa no chão.

Ao fundo, a linha do horizonte segue os contornos de uma montanha. Esguia, deslumbrante. No cimo ergue-se um palácio pintado de cor-de-rosa. O Palácio da Bela Adormecida.

Conheço de cor os becos deste país de fadas. Nas traseiras do palácio, há duas cabanas e uma casa. Das primeiras, uma é da palha, a outra de pau. A casa, de tijolo e cimento. É lá que moram os três porquinhos, zelosos da sua missão de guardar o palácio dia e noite. Não, neste lugar do mundo a cabana de palha não vai com o vento, nem a de pau se desfaz com a chuva.

Avanço pela direita, e embrenho-me na floresta que começa aí. Densa, opressiva, povoada de sombras. Vejo uma menina a passar com um cestinho na mão. Reconheço-a logo como o Capuchinho Vermelho, pela maneira como vem vestida. Olá, Capuchinho. Olá, bom dia. Acelero um pouco o passo porque, confesso, não me sinto muito segura na travessia da floresta desde que ouvi falar de um lobo mau que viveria lá. Na minha pressa, ai de mim!, tropeço em qualquer coisa. Não caio por um triz, mas tenho de me recostar para me recompor do susto. Na robustez de um tronco de cipreste, encontro o alento para retomar a viagem e recupero a nitidez dos sentidos. Que, supreendentemente, me revelam a forma e a textura do objecto em que tropecei: um sapatinho de cristal! Um pouco atarantada, pego nele, contando que alguém mo venha reinvindicar, e entrego-me ao caminho. Já vislumbro o fim da floresta quando algo me detém novamente: um cavalheiro aproxima-se e aborda-me com um sorriso arrebatador. Pede-me o sapato que trago na mão. E eu fico sem saber que fazer, ante a visão de tão esbelta figura. Quero prolongar o momento, mas ele não está para conversas. Pede-me, mais uma vez, o sapatinho da Cinderela. Claro, como é que eu não me lembrei?! O sapato da Cinderela! Entrego-lho e justifico-me: sabe, vinha tão esmagada de medo pelos rumores sobre o lobo mau, que julgo nem ter percebido o que me disse ainda há pouco. Não há tempo a perder, sendo assim, pois a Cinderela está à sua espera. Obrigado, respondeu, e não dê ouvidos ao que se diz sobre o lobo mau. É uma personagem inventada por contadores de estórias. Na realidade, aqui não há lobos maus, nem tão-pouco bruxas ou madrastas más. Este é o reino das coisas boas. Respiro de alívio. Então adeus, Príncipe, e boa sorte.

Meto-me por um caminho de pedra, ladeado de girassóis. Passam borboletas em voo rasante sobre o meu cabelo, que dança ao sabor da brisa daquele fim de tarde. Eis senão quando, ora esta!, não é que tropeço numa maçã que vem aterrar aos meus pés?! Caio redonda no chão, e logo sou acudida por sete anõezinhos alarmados com o estrondo. Vinham todos juntos procurar a maçã que a Fada Madrinha lhes dera para curar a Branca de Neve. Doentinha do coração porque o Príncipe não reparava nela. Não o da Bela Adormecida, não o da Cinderela, mas sim outro que seria só dela. Depois de comer a maçã, claro. Pois despistados que eram os sete anõezinhos, na algazarra da viagem logo haviam de a perder no caminho! Ainda bem que caiste!, disseram. Queremos dizer, ainda bem que não te magoaste! Pois sem o estrondo que tu fizeste, tão depressa não daríamos pelo paradeiro dela. Obrigado! De nada, respondi, e boa sorte.

De repente, tenho um sobressalto. Um trovão, talvez. Dou por mim de frente para a janela do quarto. Lá fora um dia cinzento, carregado de nuvens. Ao meu lado a televisão mostra imagens de destroços provocados por um atentado suicida na Faixa de Gaza. Descortino, ainda ao longe, a voz pesarosa de um jornalista que me devolve à realidade. 50 mortos até ao momento, 80 feridos graves, 100 feridos ligeiros, 150 desaparecidos... As operações de busca prosseguem na esperança de resgatar os últimos sobreviventes de baixo dos escombros...

Não... não... não...

Sorrateiramente, esgueiro-me pelo portão de madeira que ficou entreaberto, e volto para o meu país de fadas.

Fotografia tirada na Disneyland Paris

Vega, aka C.V.O.

Sunday, February 19, 2006

A incerteza dos dias















Fotografia de Ian Britton, supplied by freefoto.com


Incertos são os dias

Por que serpenteio
Como água a escorrer dos rochedos:
Vergando, divergem fatias
Truncadas no seu devaneio
Ao embaterem nos penedos.

Se eu pudesse com uma enxada
Endireitar o caminho
Para a correnteza da água
Descer um pouco mais de mansinho
Quiçá desfizesse a frágua
De ver os dias em remoinho.

Vega, aka C.V.O.

Monday, February 13, 2006

Planando...


Gostava de ter asas para cruzar os céus e planar sobre todas as cidades do mundo, todos os campos e terras sem nome, todos os rios e afluentes, todas as praias, todos os mares, todos os desertos e glaciares, todos os cheiros e todas as gentes...
Só assim poderia eu ampliar cada ângulo do mundo, seguir as arestas que os delimitam, e arrastá-las para descobrir os planos por onde se estendem.
Só assim poderia eu juntar tudo numa equação, fazer os cálculos, e, finalmente, perceber como resultou este esferóide a que chamamos Terra.

Vega, aka C.V.O.

Saturday, February 04, 2006

Só o sonho vai


Venho aqui para dizer ai

Que a vida foge de mim
Tudo o que sonho se quebra ou se esvai
Só o que sinto não cede, não cai
Nem se dilui no sonho que vai
Com a vida que corre assim.
Não fosse o que sinto e que nunca sai
E eu viveria ausente de mim.
Desconheço o autor da imagem,
mas fui buscá-la aqui

Vega, aka C.V.O.


Sunday, January 29, 2006

O termómetro desceu aos zero (Celsius...)


E, de repente, o mundo ficou mais branco... qualquer que fosse a janela por onde olhasse.








Saturday, January 28, 2006

Uma questão de tempo


Um dia, ouvi:


"Não é o sol que se põe, mas simplesmente a Terra que roda."

Com o lento escorrer dos dias que se seguiram (lento?... parece-me agora tão fugaz!), difíceis, alguns, sim, percebi o quanto é inútil ficar imóvel, expectante, a suplicar por dias melhores. É preciso dar tempo ao tempo. Deixar o tempo passar. Respeitar a cadência do tempo. E passar ao mesmo tempo que ele. Se não acompanharmos a rotação da Terra, o tempo não passará certamente. E os dias melhores não virão.

Não adianta ficar parado à espera que o tempo passe. O tempo só passa se passarmos com ele.

Está escuro? O céu carregado de nuvens? Sem nesga de sol? É, pois, altura de pôr ponto final, respirar fundo, e começar um novo capítulo.


Outro dia, muitos dias depois, li:

"When a door closes... look for an open window... but it may take a while to feel the breeze."

E senti como se anunciasse o fim de um capítulo.

Não há dias cinzentos.
Não há becos sem saída.
Há sempre o amanhecer.
Há sempre... algures... uma passagem escondida.


Desconheço o autor da imagem,
mas fui buscá-la aqui


Vega, aka C.V.O.

Saturday, January 21, 2006

Retrospectiva















Desconheço o autor da imagem,
e não me lembro onde a encontrei... :(




A verdadeira história das nossas vidas é tecida de amores e de pensamentos. A outra, não menos verdadeira mas inofensiva, intende, em vão, ludibriar aquela, e é composta dos factos que a alicerçam.

Vega, aka C.V.O.

Saturday, January 14, 2006

Palavras não se medem aos palmos


Costumava dizer a minha avozinha, entre muitas outras amostras da sua imensa sabedoria, que

"Com três letrinhas apenas
se escreve a palavra Mãe.
É das palavras pequenas
a maior que o mundo tem."

E eu descobri, na contracapa de um romance da Clara Pinto Correia (Agrião!), a alegoria perfeita para ilustrar o que a minha avozinha queria dizer:

"Contava sempre aos cachopinhos, que sorviam as suas histórias como goles de vinho doce aquecido com mel e gema de ovo nas vésperas frias de Natal, o caso daquele filho cruel que esfaqueara a mãe para lhe retirar da camisa os magros tostões que ela ganhara com tanto esforço enquanto ele estava na taberna, e depois, enlouquecido, desatara a correr com o coração dela na mão.
- Depois tropeçou numa fraga, ficou de borco na terra, e o coração da mãe foi a rebolar por ali fora. Sabeis o que disse então o coração?
Cresciam de ansiedade os olhos atentos, redondos, dos meninos.
- Disse assim, muito baixinho, que já não lhe cresciam forças para mais: «Magoaste-te, meu
filho?» "

Vega, aka C.V.O.

Desconheço o autor da imagem
(onde é que a terei encontrado?...)