Sunday, October 30, 2011

A luz


E, de repente, o clarão de um relâmpago, para se fazer luz. E o despontar de um novo dia, onde os caminhos se multiplicam, claros e definidos, como se despertassem de um sono profundo.

Vega, aka C.V.O.

Sunday, September 04, 2011

Ir e ficar


Se me desprendesse assim, leve e solta como uma folha de outono, voaria alto e longe ao sabor do vento, e depois de pousar em tantos sítios, talvez aterrasse em parte incerta, só até o vento me arrancar outra vez.

Assim, fico presa vendo o vento passar e arrancar as outras folhas, deixando-me a sós com a árvore despida. Espero e penso, solto uma lágrima de lamento, mas decido ficar, só mais uma vez. Porque não quero largar esta árvore. Porque esta é a minha árvore. Porque ser-lhe fiel não é um dever mas um acto de amor, uma necessidade e uma impossibilidade de ser de outra maneira, e nem que as outras folhas me gozem, é aqui que eu quero ficar, à espera que os ramos se voltem a encher de vida, e mais tarde a despir e a vestir de novo…

Estará a razão do lado de quem? De ninguém, pois ela simplesmente não existe aqui. Quem será mais feliz afinal? Não sei… Haverá alguém mais feliz?

São perguntas difíceis, quase retóricas, e eu só posso adiantar a mesma resposta sempre, bem simples afinal:

Esta é a minha árvore!…

Vega, aka C.V.O.











Imagem daqui

Sunday, July 03, 2011

Calar


Calar não é esquecer, nem apaziguar os demónios que gritam, em surdina, revoltosos e sanguinários, ao abandono de uma causa perdida. Calar é, tão simplesmente, baixar a guarda e seguir, alheia aos demónios que lutam, que o horizonte é largo e o caminho é cheio de surpresas.


Vega, aka C.V.O.


Imagem daqui

Friday, April 01, 2011

Vão caindo


Caem leve, levemente, sem estrondo, sem burburinho, mas sempre sem parar, e às mãos-cheias, os pedaços daquilo que imaginei, mais uma vez, ao fantasiar o melhor das pessoas.

Caem, vão sempre caindo, que já nem de sopros precisam, pois caem por si mesmos e vão aterrar bem longe, que é onde eu os quero. E se, no final, já nada mais houver para cair, os pedaços daquilo que um dia foi um todo não chegarão sequer para contar para a história, pois não passarão de meros esquissos, falhados e desiludidos, iguaizinhos a tantos outros e confundindo-se todos numa amálgama de pedacinhos voadores.

Vega, aka C.V.O.

Sunday, March 20, 2011

Transformação


Nunca pensei que estes dias difíceis, cinzentos, penosos, oprimidos, se enchessem de tanta vida própria e criassem uma identidade tão definida...

Vega, aka C.V.O.

Tuesday, January 25, 2011

Palavras em espera por tempo indeterminado

Não tenho mais palavras. Não tenho mais palavras porque tu mas levaste, num ápice, e porque eu própria te ajudei a despir-me delas, com receio de que alguma ficasse para me denunciar. Uma vez todas cá fora, recolhi-as uma a uma, em pezinhos de lã, enquanto tu ainda dormias, e pela hora da madrugada, quando todos ainda dormiam e não havia estores abertos, acordei mais cedo e fui espalhá-las por toda a cidade. Escondidas, é claro, pois era esse o propósito de tanto secretismo. Agora, as palavras que eram minhas contemplam a vida que passa do sítio onde as deixei, guardando a promessa de que, um dia, voltarei para as ir buscar. E agora aí estão, caladas, na expectativa, umas vezes serenas outras vezes inquietas, no entanto felizes com a mudança, e excitadas pela incerteza do dia em que vou aparecer para as ir buscar…

Vega, aka C.V.O.