No outro dia um amigo meu opinou que, para se ser feliz, é necessária uma certa quantidade de “estupidez natural”. Queria ele dizer que as pessoas com uma propensão genuína para a parvoíce, como dizer e fazer disparates, ou rir de coisas sem sentido nenhum, e sobretudo rir de si próprias, são bafejadas pela sorte de transportarem consigo uma condição incontornável para a felicidade.
Eu acho que ele tem muita razão. As pessoas sérias, que levam tudo demasiado a sério, que pensam antes de rir e que quando lá se decidem rir o fazem com conta peso e medida, pois na sua mente feita de regras a dose de brincadeira tem de ser doseada, não me parece que levem a vida com amor. Falta-lhes a extravagância, a paixão, a liberdade de serem elas próprias, sem limites, sem amarras. Uma gargalhada estonteante, visceral, daquelas que se soltam mesmo cá do fundo e de tão ébrias que vêm nada as consegue parar, deveria ser posta à venda, para que os tristes a pudessem comprar. Depois, provavelmente tomar-lhe-iam o gosto. Logo a seguir o vício… E estariam, finalmente, curados. Felizes para sempre.
Hoje que pensei a fundo nesta teoria do meu amigo, avultou-se na minha mente, já fatigada de tanto pensar, uma questão relacionada: será, também, uma condição incontornável para se ser feliz, gostar de gostar de pessoas?
Isto é, não só gostar de algumas pessoas, daquelas mais chegadas, mas sim gostar de pessoas em geral (obviamente que de umas mais do que doutras…). Gostar de conhecer pessoas interessantes, de ter surpresas, de poder dizer “ah, se não nascesses terias de ser inventado!” ou “valeu bem a pena ter-te conhecido!”, gostar de apreciar quem já conhecemos daquela forma que só quem conhece bem tem o privilégio de apreciar, atentando a todos os pormenores. Gostar de lembrar o que vivemos e partilhámos com certa pessoa, e de como fomos felizes e somos por tê-lo sido nesses momentos de partilha. Gostar de pensar o quanto gostamos de alguém e abrir-se em nós um sorriso enquanto pensamos isso.
Será?!
Vega, aka C.V.O.