Monday, April 10, 2006

O grito

Estudar (o Harrison, pois claro...) distancia-me da beleza das coisas. Relega-me para um espaço estanque, envolto em brumas, que se estreita insidiosamente. Através das brumas que o delimitam, a percepção que tenho do mundo é um tanto ou quanto distorcida. Os objectos surgem-me destituídos da música que lhes pertence, impermeáveis que são as paredes à ressonância própria daqueles.

Nestas alturas um grito bem fundo, daqueles que é preciso ir buscar às entranhas, tem a capacidade de me libertar ao abrir uma brecha na dita redoma de brumas:

AAAAAAAAAHHHH!!!!

Pela brecha saio como um relâmpago e, maravilhada, danço ao ritmo da música que toca lá fora.


Vega, aka C.V.O.

Saturday, April 01, 2006

Reconstruir

Cai o pano de fundo
E as tintas
Lascadas que o tinham feito
Não mais seguram o mundo

Que agora ficou sem jeito.
Sobraram algumas pintas
Incólumes, para ficar.

Quando verterem novas tintas
O caminho vão desviar
P´ra não tropeçarem naquelas
Que um dia foram parcelas
Duma tela que me fez sonhar.

Lascaram as tintas que um dia
Sem querer me fizeram chorar
Restam pintas que foram parcelas
Duma tela que me fez sonhar.
Nem com as melhores aguarelas
Eu as vou querer perturbar.


Vega, aka C.V.O.