No outro dia vi no facebook que se tinha criado o grupo do canal #Ericeira no IRC. E alguma coisa me bateu cá dentro. De repente, tive a sensação de que uma parte de outra vida, outra era distinta no tempo e no espaço, se colocava à minha frente sem aviso prévio, e me acenava fervorosamente, na ânsia de que a reconhecesse sem reservas e a acolhesse de braços abertos, mas que acabara por ficar melindrada com alguma hesitação da minha parte, pois apanhada assim de surpresa tive de piscar os olhos uma ou duas vezes para ver melhor, antes de lhe sorrir e dizer “olá, há quanto tempo!”.
Foram dez anos que passaram desde a época em que andava por esse canal. Dez anos, que eu diria não que passaram mas que correram como uma flecha, galopando um após outro, tanto mais velozes quanto mais adiantados na corrida do passar do tempo. E no entanto, agora que olho para trás, parecem-me a mim que foram os dez anos mais longos de sempre, por tudo aquilo que viveram, conheceram, aprenderam e transformaram.
Foram dez anos de amores e desamores, de alguns dias em que acordava e queria voltar a dormir, para não estar acordada a sofrer. De que valia viver, afinal, se não podia ter aquela pessoa?!... Quando agora a resposta é óbvia e cristalina, quando as coisas não dão não dão, e por maior que seja a paixão é impensável dar sem receber, por muito que nos custe entender que não chega sermos só nos a gostar. E hoje em dia já sabemos que há mais, há sempre muito mais para além de uma relação que não corre bem, há mais gente, há mais vida, há tanto por fazer que não há vazios que não sejam preenchidos.
Foram dez anos, também, de grandes e novos amigos, os da faculdade, os do desporto, os amigos dos amigos, e depois ainda os de Coimbra. Tinham-me dito que não havia amigos como os de escola, de adolescente. E é verdade, não há… porque há histórias que só podemos partilhar com eles, e que eles, por sua vez, fazem com que se mantenham vivas e presentes. Mas isso não quer dizer que aqueles que vêm depois sejam menos amigos do que os primeiros, por mim falo que conheci pessoas fabulosas ao longo desta década e que hoje tenho como amigos do peito, com experiências inesquecíveis.
Nestes dez anos estudei, comecei a trabalhar, fui trabalhar para outra cidade, o que implicou mudar de casa, e isto por causa de uma escolha que fiz, por sinal de uma especialidade que uns dois anos antes nem sabia que existia… Aprendi alguma coisa do mundo do trabalho, e sei que me falta aprender muito mais.
Nestes dez anos, houve pessoas que perdi, a família já não é a mesma, embora para mim continue a ser (mesmo quando olho para a mesa de Natal e a veja reduzida a um cantinho) e a morte passou a ser uma ameaça real…
Nestes dez anos, tudo aquilo que vivi, conheci e aprendi fez com que a minha perspectiva das coisas se alterasse profundamente. Agora que estou quase a fazer 29, o meu desejo é que os próximos anos sejam tão cheios quanto estes.
Vega, aka C.V.O.
6 comments:
O teu post deixou-me nostalgico...
Fez-me lembrar velhos (e bons tempos)..
Gostei :)
Beijos
Gostei!
Beijocas!
JN
Oi, JN!
Não sabia que vinhas cá...
Beijocas
Oh Carlinha, que saudades! Não de Coimbra, que se está melhor aqui em Londres (sem dúvida!), mas de ti! Foi curto mas foi muito bom, o tempo que passei na tua companhia. Espero ver-te, qualquer dia, a passear pelas ruas londrinas, tomarmos um chá juntas, com scones a acompanhar, e rirmos a bandeiras despregadas com as nossas marotices de há uns anos. Beijos enormes!
Ninaaa!!! Beijão para ti também!!!
Que saudades das nossas palhaçadas... Temos de as reavivar em conjunto, em Londres ou em Portugal! :)
Olá! Como estás? Existem tempos, que já lá vão, que nos deixam pensativos e com saudades. É neste caso que pensamos " tempo, porque não voltas atrás ? ". beijos e uma boa semana.
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