Wednesday, March 18, 2020

As cordas da natureza


Que todos os instrumentos do universo se concertem para que todos os sons, sopros e fôlegos da natureza se coordenem e honrem o pacto de guardar e proteger o teu caminho. Porque és o filho do meu primo Ricardo e, por isso, carregas em ti uma parte do meu coração. Que ficou suspenso até tu nasceres e só recuperou o ritmo quando soube que estavas bem. Estes pedaços de coração que tenho dispersos em peitos que não são meus não deixam aquele que trago no peito bater em livre arbítrio. Ao mais suave murmúrio do vento, transportado pela mais longínqua e imperceptível corda dissonante que o prende ao pedaço de coração alheio, aquele que tenho no peito encolhe, intimida-se, perde o compasso da batida, quase deixa de bater.  Só com o vibrar de todas as cordas em uníssono é que o coração do meu peito pressente a natureza afinada e toca livre por alguns momentos. Por isso, que todas as cordas se concertem para que todos os pedaços (agora mais um!) do meu coração possam bater em uníssono, em silêncio, surdina ou alta voz, mas sempre em liberdade.  

Vega, aka C.V.O.