O gigante adamastor
Abre as asas com estridor
De fúria vermelho apodrece
Por dentro, e no entanto
A máscara permanece
(Pois qual não é o espanto?
Ninguém o quer enfrentar…
Só dos pequenos escarnece
Não vale o esforço de o derrubar,
E para mais aos grandes
Interessa que os deixe passar.)
Tem uma corte que o rodeia
A bajular-lhe o caminho
Ninguém o ama, todos o temem
Apenas intrigas semeia,
De amor nem um só bocadinho…
Ao trono agarra-se bem
Não quer perder o lugar
Pois se um dia acontecer
Já sabe o que advém:
Sem engodos do poder
Bem pode estrebuchar
Que ninguém lhe vai responder,
Já ninguém lhe vai ligar.
De que serve o rei na barriga
Com um vazio no coração
Tristes cenas de ódio, de briga
De cinzas não passarão.
Pudesse ele ter amado
Nem que fosse um pouco
Deixaria um legado
Que não fosse tão oco.
Vega, aka C.V.O.
No comments:
Post a Comment