Sunday, March 26, 2006

Comboios


Pelos comboios de letras do livro mais entediante que conheço (desculpa Harrison, curvo-me perante a tua sabedoria, mas não és de todo simpático), arrasto-me nesta tarde de domingo. Respiro fundo, bem fundo. Suspiro. Reentro na carruagem de onde saíra tempos atrás. Despida da vontade que dantes me impelia para as coisas. Avanço, recuo, páro, retomo ou recomeço. Por mais nauseada que esteja de tanto andar, recuar, parar, retomar, recomeçar, andar.

Anseio por chegar à estação de destino com algo que ainda reste de mim. Da minha periclitante sanidade mental. Mas ai!, o caminho é incerto e cheio de curvas, e o medo de descarrilar assombra-me na antecipação dos troços mais irregulares. O medo de ver a réstia de sanidade mental que detenho esfumar-se no impacto do acidente.

Na carruagem de onde saí, vou ver se sobrou um lugar para mim. Vou pedir ao maquinista para carregar no acelerador. Vou explicar-lhe que os dias à nossa frente se consomem sem solidariedade para com os quilómetros de letras a percorrer.

Vega, aka C.V.O.

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